Como estamos preenchendo a 'lacuna de confiança' de grupos minorizados na área de saúde.
Nossa nova pesquisa global revela um cenário de desconfiança nos sistemas de saúde entre grupos minorizados, como grupos étnicos minorizados, LGBTQIAP+ e pessoas com deficiência. Como resposta, lançamos 'Um Milhão de Diálogos’ (A Million Conversations, em inglês), uma iniciativa para preencher essa lacuna ao se envolver diretamente com esses grupos.
Graças à pesquisa global da Sanofi, descobrimos que uma maioria preocupante de pessoas de grupos minorizados – em todo o mundo – tem pouca confiança no sistema de saúde devido a experiências negativas e estão sofrendo por isso.
Bolsa Sanofi Geração do Futuro
Nossa pesquisa perguntou a mais de 11.500 pessoas em cinco países (Brasil, França, Japão, Reino Unido e Estados Unidos) sobre suas experiências com saúde, com grandes amostras provenientes de grupos minorizados. A maioria das pessoas desses grupos relatou ter ocorrido alguma experiência de saúde negativa, levando a baixos níveis de confiança.
● As minorias étnicas e as pessoas negras são mais propensas a dizer que tiveram experiências que prejudicaram sua confiança na área de saúde em comparação com as não minorias (73% contra 57%).
● As pessoas que se identificam como LGBTQIAP+ relatam uma experiência semelhante (66% contra 58% de seus pares heterossexuais).
● Talvez o mais preocupante de tudo foi que as pessoas com alguma deficiência, um grupo que depende fundamentalmente de cuidados de saúde, expressaram a maior lacuna de confiança em comparação com as pessoas sem deficiência (73% vs 56%).
A pesquisa também explorou a confiança e a interseccionalidade. As pessoas que se enquadravam em mais de um desses grupos minorizados eram significativamente mais propensas a ter uma experiência ruim ao procurar atendimento, como grupos étnicos minorizados, que no Brasil é predominantemente composto por pessoas negras, e pessoas que se identificam como LGBTQIAP+ (90% em comparação com 76% das pessoas que não se identificam com nenhum desses grupos).
Comentando essas descobertas, Michelle A. Williams, reitora da faculdade de Harvard T.H. Chan School of Public Health, disse:
“Essas descobertas são mais um alerta para um sistema de saúde que precisa urgentemente de uma reforma. Acho profundamente preocupante, embora não seja surpreendente, que tantos indivíduos - especialmente aqueles de grupos minorizados - tenham perdido a confiança em seus prestadores e no sistema.
“Para fechar essa perigosa lacuna na saúde, devemos diversificar nossa força de trabalho na área da saúde para que pessoas de todas as origens possam encontrar prestadores que entendam suas experiências vividas. Devemos treinar os profissionais de saúde para identificar e superar preconceitos inconscientes, para se comunicar com clareza e empatia - e, fundamentalmente, para ouvir cuidadosa e respeitosamente os pacientes de todas as origens. Não podemos deixar que persistam as disparidades observadas nesta pesquisa. Essas descobertas gritantes devem estimular a reflexão e impulsionar a mudança”.
A lacuna e confiança na área de saúde
Cerca de 87% das pessoas com alguma deficiência no Brasil disseram ter experiências que prejudicaram sua confiança na área de saúde, contra 77% das pessoas sem deficiência. Para os membros da comunidade LGBTQIAP+ essa diferença foi semelhante (86% contra 77% de seus pares que não fazem parte da comunidade). O mesmo aconteceu com 80% das pessoas de etnias minorizadas, grupo que no Brasil é predominantemente formado pela população negra, contra 77% da população branca.
Os dados falam por si
Por mais óbvio que pareça, essa falta de confiança pode e já se mostrou devastadora para quem precisa de tratamento. A recente pandemia global sendo um caso real - a desconfiança generalizada tornou extremamente difícil para que as autoridades de saúde pública levassem às comunidades vulneráveis informações importantes.
Para alguns, seus pontos de vista podem ser moldados em parte por uma compreensão das questões estruturais que permeiam, historicamente, a sociedade. Para outros, trata-se de falta de representação ou experiências de discriminação. Mas também pode ser mais simples do que isso. Mais de um terço das pessoas entrevistadas afirma que “não ser ouvido” ocupa o primeiro lugar na justificativa de sua desconfiança.
Um estudo recente da Medscape no Brasil revelou que 49% dos médicos entrevistados haviam testemunhado desigualdade na forma como os pacientes LGBTQ+ estavam sendo tratados.
No Reino Unido, segundo um levantamento realizado pela MBRRACE-UK (Mothers and Babies: Reducing Risk through Audits and Confidential Enquiries across the UK), as taxas de mortalidade materna ainda são muito mais altas para mulheres negras, de etnia mista e asiáticas do que para mães brancas.
Juntos, podemos melhorar o cenário
Mas não é aí que queremos que essa história termine. Estamos motivados por este desafio. E juntos, podemos enfrentar e solucionar essa quebra de confiança.
Isso porque a pesquisa também nos deu uma visão única sobre quais ações têm maior probabilidade de restaurar essa confiança: ser tratado de forma justa, tornar os cuidados de saúde acessíveis, oferecer cuidados da melhor qualidade, entre outros. Em última análise, a confiança é conquistada por meio da construção de relacionamentos de longo prazo, ouvindo e agindo de acordo com o que está sendo dito.
O setor de saúde tem a oportunidade de fazer mais para trabalhar com e para comunidades minorizadas. Devemos ajudar a amplificar suas vozes e preocupações, em vez de falar sobre eles ou em seu nome. Devemos dobrar a diversidade e a inclusão, não desacelerar.
Um Milhão de Diálogos: fazendo nossa parte para reconquistar a confiança
As pessoas precisam de sistemas de saúde – em todos os níveis – para melhor refletir a sociedade. Portanto, devemos ouvir mais as comunidades minorizadas e usar essas percepções para ajudar o setor de saúde, os formuladores de políticas e autoridades para corrigir as causas dessas lacunas de confiança.
Como uma empresa global inovadora de saúde, temos um papel a desempenhar na resposta à situação desestabilizadora em que as populações sub-representadas se encontram quando precisam de cuidados. Nosso objetivo é ajudar a construir uma geração do futuro mais diversa de líderes na área de saúde. Ao trabalhar também para construir confiança por meio de diálogos entre comunidades sub-representadas e partes interessadas na área, podemos ajudar a melhorar o engajamento e o cenário de saúde para todos.
Paul Hudson
CEO da Sanofi
Um Milhão de Diálogos
é a nossa resposta a este desafio. Um plano para fomentar a confiança na área de saúde, investindo 50 milhões de euros para ajudar a reduzir substancialmente a lacuna de confiança até 2030.
Construindo pontes de confiança
Ao longo dos próximos oito anos, usaremos nossa experiência e recursos para ajudar as pessoas a se tornarem “pontes de confiança”. Milhares de diversos profissionais de saúde, médicos, enfermeiros, pesquisadores e também pacientes, que serão capacitados para ter as conversas que sabemos serem essenciais para uma mudança. Com Um Milhão de Diálogos a Sanofi tomará três ações decisivas para alcançar isso.
1. A próxima geração de profissionais com a Universidade Zumbi dos Palmares
Acreditamos em um sistema de saúde onde todos os grupos se sintam ouvidos, respeitados e compreendidos, independentemente de sua etnia, identidade de gênero, orientação sexual ou deficiência. Diversificar a representatividade entre os profissionais que atuam no setor é um passo importante para que isso aconteça. Afinal, sabemos que, com o suporte adequado, as pessoas têm a chance de desempenhar um papel importante na mudança do panorama da área de saúde e, ajudar a impulsionar um sentimento renovado de confiança em todo o mundo, para todas as pessoas.
É por isso que lançamos a Bolsa Sanofi Geração do Futuro, idealizada para oferecer suporte na formação acadêmica e profissionalizante aos jovens que fazem parte de grupos minorizados, em parceria com instituições de ensino superior ao redor do mundo. No Brasil, temos o orgulho de anunciar nossa parceria com a Universidade Zumbi dos Palmares em 2023.
Neste primeiro ano de programa, a Bolsa Sanofi Geração do Futuro oferece 10 bolsas de estudo integrais para alunos da Universidade Zumbi dos Palmares, que estão cursando os dois últimos anos de Direito, Publicidade e Propaganda e Administração e que fazem parte de pelo menos um dos seguintes grupos minorizados: homens e mulheres negros, pessoas com deficiência e pessoas LGBTQIAP+.
Os estudantes selecionados passarão a estagiar na Sanofi, terão acesso a curso de inglês e participarão de integrações com bolsistas de outros 4 países que fazem parte do programa: Estados Unidos, França, Japão e Reino Unido.
“Ao trabalharmos juntos, esperamos fazer um progresso significativo na construção de um sistema de saúde mais inclusivo e equânime”
Neila Lopes
Head de Diversidade e Cultura na Sanofi Brasil
2. Ouvir e agir de acordo com o que ouvimos
Também realizaremos eventos locais para diálogos, onde as pessoas poderão compartilhar suas histórias, experiências e ideias diretamente com o setor de saúde.
Quer sejam mulheres, pessoas de grupos étnicos minorizados, pessoas com deficiência ou membros da comunidade LGBTQIAP+ - elas merecem que suas histórias sejam ouvidas e postas em prática.
3. De: prestar atenção Para: colocar em prática
A partir dessas conversas, produziremos pesquisas, dados e recomendações para atualização de políticas que pretendemos transformar em ações reais para mudar o cenário da confiança e desigualdade na saúde.
Estamos construindo uma coalizão de organizações sem fins lucrativos, ativistas, empresas e governos para realizar pesquisas, compartilhar as melhores práticas e coordenar atividades para alcançar mudanças reais e duradouras.
Fechando essa lacuna de confiança
“Não temos todas as respostas, e é por isso que iniciar esses diálogos é tão importante. E certamente não podemos fazer isso sozinhos. Estamos confiantes de que Um Milhão de Diálogos irá apoiar essa jornada de fortalecimento da confiança dos grupos minorizados na área de saúde”.
Neila Lopes
Head de Diversidade e Cultura na Sanofi Brasil
Não podemos mais ignorar como pertencer a um grupo minorizado aumenta a probabilidade de uma experiência prejudicial à confiança na área de saúde. Especialmente para pessoas que se identificam com mais de um desses grupos.
Temos o dever de garantir que busquemos os milagres da ciência para melhorar a vida das pessoas. Independentemente de quem são ou de onde vêm. E não vamos descansar até que se torne realidade.